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Comunidade do Recife usa Lei de Acesso à Informação para mobilizar moradores sob risco crítico de deslizamento

Em maio de 2024,  o coletivo Redes do Beberibe, sob a coordenação do jornalista Victor Moura, fez questionamentos à Defesa Civil do Recife e à Secretaria de Infraestrutura do Recife com o objetivo de saber quantos endereços estão monitorados em áreas de risco. Foram descobertos um total de 17.140 casas na cidade, entre risco baixo e muito alto.  Só no bairro de Água Fria, na zona norte da capital pernambucana, foram encontradas 533 casas em situação crítica, de risco alto ou muito alto. A princípio, os órgãos se negaram a compartilhar a lista com os endereços alegando que a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) não permitia. Porém, após entrar com recursos, o coletivo obteve os dados e começou uma força-tarefa para saber quem são as pessoas por trás dos números.

Uma paisagem tomada por “plástico preto”. O documentário fala sobre a luta por moradia segura no bairro de Água Fria, que integra a 2º Região Política-Administrativa do Recife. Produção: @redesdobeberibe e @coletivofalaalto
Incentivo: @instituto.fala


Junto ao Coletivo Fala Alto e ao Coletivo Minervino, foi criado um formulário digital para coletar informações diversas, como renda, idade, raça, gênero, grau de vulnerabilidade dos moradores e se tem onde se abrigar no caso de um deslizamento de terra. Para divulgação da pesquisa “Perfil dos Moradores sob Risco em Água Fria”, foi feita a colagem de lambes em áreas públicas, distribuição de panfletos e um informativo chamado “Folha de Água Fria”.  Também no campo da comunicação, foi produzido o mini documentário “O plástico preto e as casas sob risco em Água Fria”, viabilizado após aprovação no edital Fala! 2024 para coletivos de Pernambuco. 

Para produção e coleta de dados qualificados, foram criados quatro grupos voluntários, liderados por moradores. Os grupos batem de porta em porta, subindo e descendo ladeiras, escadarias e encostas íngremes no bairro de Água Fria, que tem uma população de quase 50 mil pessoas. Em um primeiro momento, a mobilização em torno da luta pela moradia e prevenção de riscos e desastres já chegou a dezenas de famílias. Ao fim, o objetivo é ter um diagnóstico completo do território, produzir um relatório detalhado e encaminhá-lo tanto à sociedade civil quanto ao poder público. Um ponto de partida para organização de reuniões sobre projetos e prazos para solução das áreas de risco, especialmente com a Autarquia de Urbanização do Recife, órgão responsável por obras estruturantes na cidade.

*Este documentário foi produzido pela Redes do Beberibe e Coletivo Falo Alto, financiada pelo Instituto Fala!, uma organização sem fins lucrativos fundada por quatro mídias independentes referências no jornalismo de causas: Alma Preta, Marco Zero Conteúdo, 1Papo Reto e Ponte Jornalismo.

Ao longo das gerações, a política do matar, do deixar morrer, ou do deixar viver em mundos de morte, fez com que o “medo da chuva” e o soterramento de corpos se tornasse uma “notícia sazonal” no bairro e na cidade durante os meses de maior precipitação. Segundo dados obtidos junto à Secretaria de Infraestrutura do Recife em maio de 2024, foram encontradas, em Água Fria, 533 casas em situação crítica, sob risco alto ou muito alto de desabar.