Não existe outro grupo na sociedade brasileira que tanto defende publicamente o empresariado. Talvez nenhuma cobertura mostre tanto a visão da imprensa nacional quanto a econômica.
O pior é ver a covardia da imprensa, ao fazer isso sob o nome da neutralidade e da imparcialidade. Sempre que o tema a ser debatido é alguma reforma, que no fim vai tirar direitos de trabalhadores, os donos dos principais canais de comunicação logo abrem um sorriso. Eles então pensam: “É hora de chamar os mesmos especialistas de sempre, que vão se utilizar de termos técnicos para defender cortes de gastos sociais”. Os economistas convidados são sempre os mesmos, dos mesmos centros de pesquisa. Falam com uma segurança, com uma roupagem puramente técnica, como se a política nada tivesse a ver com a economia.
Com isso, a imprensa brasileira contribuiu de maneira determinante para se criar no Brasil um consenso liberal. É preciso buscar um Estado mínimo, diminuir impostos, deixar tudo em aberto para o livre comércio, afirmam os jornalistas e seus especialistas.
Imaginem o caos de defender um aumento de investimento do SUS? O setor de plano de saúde e seus especialistas enlouqueceriam.
Por isso, a área econômica é uma das coberturas onde o jornalismo mais escancara os seus interesses empresariais. As mídias independentes, com características radicais, e comprometidas com as causas do povo e não do empresariado devem acompanhar essa área da sociedade.
É papel desse segmento do jornalismo cobrir os grandes debates nacionais e fazer jornalismo, ou seja, informar. Cabe ao jornalista apresentar quais são os interesses do empresariado nacional e os direitos do povo. Logo, reportar, fazer a nossa profissão. A imprensa comercial, mesmo quando se apresenta como neutra e cobre a agenda econômica, na verdade, só está deixando de ser objetiva e optando por não informar a sociedade.
Afinal, como é possível informar o povo sem mostrar como a retirada de direitos pode impactar na vida do povo?
O jornalista comprometido com causas sociais deve ter seu posicionamento, mas ser objetivo, apresentar a realidade e informar o público.